Um edifício, Cais Do Cavaco, batizado com o mesmo nome do sítio onde se implanta, antigo cais de embarque, antiga morada da desaparecida Fábrica de Cerâmica do Cavaquinho.
O novo edifício encaixa assim num lote pré-definido, parte do Plano de Pormenor da Fraga, do atelier dos Arquitetos Manuel Fernandes de Sá e Mário Trindade, que, não prevendo quaisquer possibilidades de recuperação da antiga fábrica em ruína, propõem em plano um conjunto de novos edifícios que irão colmatar e dar continuidade à frente de rio construída, desde o centro histórico aos edifícios mais recentes junto à escarpa da ponte da Arrábida.
Introduziram-se alguns ajustamentos, decorrentes da complexidade cadastral do local bem como do desenvolvimento detalhado da proposta, da conceção arquitetónica de um novo elemento que constituirá, para além dos novos espaços habitacionais que promove, o início da nova frente urbana proposta.
O projeto materializará esta nova fase no crescimento da cidade, afirmando a sua contemporaneidade numa emblemática paisagem.
A presença do rio impôs, à partida, que o edifício fosse construído apenas acima da cota da rua, reservando-se os dois primeiros pisos para estacionamento, o que garantiu que os espaços habitáveis ficassem sempre acima da cota de cheia máxima e determinou a distribuição funcional dos apartamentos.
Ao nível dos apartamentos, a continuidade espacial entre os espaços que constituem sala e cozinha, organizados transversalmente à planta do edifício, garantiram, em simultâneo com a transparência entre a vista do rio e os espaços interiores do apartamento, a entrada do sol, rasando a encosta verde. Para além da sala, reservou-se o quarto principal com vista exclusiva sobre o rio Douro.
Desenha-se um edifício de apartamentos integrando técnicas construtivas que não serão estranhas neste local, as grandes estruturas de betão, com a leveza necessária resultante de um bom desempenho nos vãos adotados, concebida estruturalmente por grandes lâminas horizontais de betão armado, integrando grandes varandas totalmente envidraçadas sobre o rio, em contraponto com a solidez de uma construção de raiz mais tradicional, o inevitável granito, cinza nos pavimentos e amarelo (Caverneira) nas fachadas que parecem muros.
Os paramentos em blocos de granito de aparelho irregular, que delimitam os espaços exteriores, entram para o interior da casa, associados à aplicação de madeiras maciças nos pavimentos e mármores nas zonas de banho, o que reforça a memória tectónica do local, articulando-se com caixilhos de alumínio (corte térmico), com ferragens capazes de assegurar grandes aberturas e grandes envidraçados, sem esquecer as certificações e infraestruturas técnicas incontornáveis na atual construção de habitação.
Para comunicar todo o processo desenvolvido, construiu-se também, em consola sobre o rio, um pequeno edifício pré-fabricado de ferro e vidro, espaço expositivo de todos os elementos de projeto e técnicas construtivas empregues na construção do Edifício Cais Do Cavaco.